terça-feira, 31 de agosto de 2010

“Trazendo à memória aquilo que dá Esperança"


“Quero trazer a memória o que me dá esperança.” (Lamentações 3:21)


Quando estamos passando momentos atribulados em nossas vidas, e começamos a perceber que a nossa situação não tem mais jeito, onde tudo se parece em trevas sentimos a nossa carne envelhecer, e nossos ossos parecem que estão se despedaçando, esfarelando, o desespero parece solitário. Clamamos por socorro e também parece que não somos ouvidos.
Perguntamos: onde está Deus?
Qual é a saída para esse desespero? Devemos trazer à memória aquilo que nos dá esperança.
E o que nos dá esperança?
As misericórdias de Deus!
Precisamos crer nisso!
Em Lamentações 3:22-23, diz: As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos porque as suas misericórdias não tem fim; renovam-se cada manhã. Grande é a Tua fidelidade!
O Senhor não nos deixa falando sozinhos, quando estamos no deserto. Ele através das Suas misericórdias já preparou o livramento. Ele cuida para que tudo dê certo.
Quando passamos por momentos de tormentas em nossas vidas, a tendência é esmorecer, pois ficamos fracos, frágeis e abalados sem forças para prosseguir.
Nesse momento precisamos recordar aquilo que o nosso Pai tem nos dado de graça, basta apenas acreditar, “esperança, misericórdia, Vida e Paz”. Esperança de dias melhores. Misericórdia de Deus sobre nós. Vida porque Jesus morreu para isso. Paz que excede todo o entendimento.
O interessante é que todos os dias quando achamos que seremos consumidos, mortos, destruídos, parece que surge uma pequena luz no fim do túnel e começamos a perceber que a esperança no Senhor com as misericórdias Dele começam a trazer um renovo em nossas vidas. O Senhor jamais rejeita um coração quebrantado, contrito e arrependido.
Podemos perceber que em algumas situações ruins que passamos em nossas vidas, é porque merecemos, e outras situações de injustiça é porque Deus permitiu, pois em todas as coisas de bom ou de ruim, existe um propósito de Vida para os filhos de Deus.
Devemos dar graças por tudo, mas em qualquer situação, precisamos lembrar da fidelidade e misericórdia de Deus para conosco, e isso sompre com o coração grato.
Essa misericórdia é promessa para nós!
Quando caminhamos de cabeça baixa a tendência é estar tropeçando e esbarrando em tudo, nos machucando a todo o momento. Quando confiamos no Senhor podemos caminhar de cabeça erguida, de cara limpa, sendo que dessa forma conseguiremos enxergar tudo ao nosso redor, poderemos avaliar melhor o que realmente estamos passando, teremos a visão completa de tudo o que nos aflige, e também de tudo o que precisamos fazer para poder desviar desses obstáculos, com a mudança de nosso foco e atitude.
Estar de cabeça erguida faz com que nós possamos perceber nossas fraquezas e nossas falhas. Começamos a perceber o tanto que somos pequeninos e dependemos da grandeza de Deus. Ter essa percepção, não é sinal de fraqueza, mas de entendimento espiritual vindo do Espírito Santo, que nos diz: "Sem Mim, nada podeis fazer diante de Deus".
Temos a oportunidade de fazer com que essa misericórdia e fidelidade nos alcance pelo simples fato de perceber que não somos nada sem Deus. Quantos de nós já lemos ou ouvimos esta frase... “Deus é fiel”, Ele é fiel mesmo!
A Palavra de Deus nos diz que Ele não pode negar a Si mesmo.
Mas será que Ele continua fiel quando estamos em tribulação e tormentas?
Sim, claro! Deus é fiel e justo!
As misericórdias Dele nos acompanham todos os dias, e se renovam a cada manhã. Creia nisso! Hoje passamos por aflições, mas amanhã quando as misericórdias Dele se renovarem elas nos alcançarão e mudarão as nossas vidas.
Fomos criados por Deus para a Sua Glória!
Tudo o que passamos nesta vida, serve para que o nosso relacionamento com o Pai, seja aperfeiçoado.
Lembre-se sempre, de jamais fazer comparações entre Deus e o mundo. Não há como comparar! "O meu Reino não é desse mundo"!
Mas, as misericórdias do Senhor nos acompanharão enquanto vivermos nesse mundo. Acredite!
Não temas pedir em oração, pois o Pai tem o prazer de nos ouvir pedindo em fé confiante; mas lembre que Deus não está preso a oração, posto que somente nos atenda, naquilo que Ele, como Pai, não julgue que nos fará mal.
Sem Amor nada Aproveita

quarta-feira, 24 de março de 2010

O TANQUE





Era uma vez, uma cidade muito, muito importante; considerada o centro do mundo porque fatos notáveis aconteceram em suas colinas. Primeiro conhecida como a cidade de Davi, depois Jerusalém, ela se tornou a sede da religião dos judeus, cristãos e muçulmanos - que a consideram sagrada.

Em Jerusalém havia um chafariz que ficava próximo de uma feira de animais. Como sempre foi uma cidade bem mística alguém começou a dizer que as águas desta fonte eram miraculosas. Rapidamente, a notícia ganhou dimensões extraordinárias e espalhafatosas; no mercado, dizia-se que um anjo vinha do céu uma vez por ano, movia as águas e o primeiro doente que mergulhasse, seria curado.

Multidões se formaram, todos aguardando um milagre. A administração municipal de Jerusalém, interessada na romaria, mas também por razões humanitárias, resolveu construir um pavilhão para abrigar tanto enfermo. Edificaram um prédio imponente, com um alpendre de cinco pavimentos, que se lotava de paralíticos, cegos e doentes de toda a espécie. Devido a essa enorme expectativa, sempre adiada, de que uma pessoa (só uma) seria brindada com um milagre, o lugar foi denominado, ironicamente, de Betesda - que significa “casa de misericórdia”.

Conta-se que muitas famílias, para se verem livres dos doentes, os abandonavam nos alpendres do tanque de Betesda. Os ricos compravam escravos para os ajudarem a entrar nas águas. Alguns alugavam as bordas mais próximas, que possibilitavam melhor acesso. Todos queriam o seu milagre e, lógico, os mais abastados, sagazes e famosos, se sentiam perto da graça.

Os pobres e os doentes graves, os destrambelhados, acabavam no fundão do tanque. A esperança deles desvanecia, mas logo chegavam notícias, aqui e acolá, de que alguém acabava de receber o seu milagre - no mercado ao lado, os agraciados contavam sua história e os crédulos e atentos peregrinos que visitavam Jerusalém retransmitiam os testemunhos. Assim, a esperança de cura ficava adiada por mais um ano.

Jesus não vivia em Jerusalém. Aliás, ele residia longe desse ambiente supersticioso – em Cafarnaum, mas sabia dos boatos. Em uma de suas visitas à cidade, resolveu visitar o tanque de Betesda. Com certeza, o que viu foi pior do que lhe contaram.

As pessoas afirmavam que o anjo descia até o tanque anualmente, mas ninguém sabia a data exata. Irrequietos, os doentes mais hábeis saltavam, esporadicamente, para se anteciparem ao anjo. A confusão era constante. Os que se sentiam melhor, corriam pelos corredores gritando “aleluia” e outros, nervosos e frustrados, desmentiam os milagres. Vez por outra, levantavam-se profetas prevendo o dia preciso em que o anjo visitaria o local.

Certos doentes jaziam por anos e anos em total mendicância, esperando o momento da cura que não chegava nunca. O estado de alguns era deplorável. Escaras cheiravam mal e piolhos podiam ser vistos a olho nu nos cabelos de certas mulheres.

Diante dessa realidade tão perversa, Cristo passou ao largo dos mais capazes, dos mais ricos e dos que menos precisavam de cura; dirigiu-se para um dos cantos esquecidos do tanque de Betesda e encontrou um homem que esperava por seu milagre há trinta e oito anos. Ninguém sabe seu nome, mas, com certeza era um pobre; sua família, ocupada com a sobrevivência, se esquecera dele fazia algumas décadas.

Jesus aproximou-se do paralítico e perguntou: “Você quer ser curado”? Ele respondeu dentro da lógica que aprendera: “Senhor, não tenho ninguém que me ajude a entrar no tanque quando a água é agitada. Enquanto estou tentando entrar, outro chega antes de mim”. De um só fôlego, Jesus ordenou: “Levante-se, pegue a sua maca e ande”. Imediatamente o homem pegou a maca e começou a andar.

A passagem de Jesus pelo tanque de Betesda aconteceu num sábado, o dia sagrado dos judeus, porque ele tinha um propósito: mostrar que a religião se preocupa, prioritariamente, com a sua estabilidade. Os religiosos sobrevivem da ilusão e não têm escrúpulos de gerar falsas expectativas em pessoas fragilizadas.

Quando aquele senhor abandonou o tanque de Betesda com a sua maca nas costas, Jesus deixou uma mensagem para a cidade de Jerusalém: "Os milagres que procedem de Deus não premiam quem souber se mostrar hábil, santo ou rico – Deus não faz acepção de pessoas, nem busca transformar os espaços religiosos numa corrida desenfreada pela bênção onde só os mais fortes sobrevivem".

O tanque de Betesda é metáfora que lembra a humanidade que Deus olha graciosamente para os desfavorecidos, para os que não têm a menor possibilidade de se safarem dos torniquetes perversos da injustiça, para os mais indefesos – órfãos e viúvas, por exemplo.

Cristianismo deve, portanto, assumir o compromisso de continuar visitando os campos de exilados (Darfur), as clínicas de Aids (África do Sul), as periferias miseráveis das grandes cidades (Brasil) para anunciar a mais alvissareira de todas as notícias: Deus não se esqueceu dos pobres.

Pr. Ricardo Gondim - Fonte: www.ricardogondim.com.br